sábado, 27 de novembro de 2010

Ele fez o mundo tremer

No século XIII, Gêngis Khan fundou um império que mais tarde iria do mar Cáspio ao oceano Pacífico, a partir da Mongólia. Tanto poder e preparo contrastam com sua origem: o líder passou a infância em completo desalento
por Jean-Paul Roux
© AKG IMAGES/LATINSTOCK
Raro retrato do conquistador que tomou para si e para seus filhos a Ásia e parte da EuropaRetrato de Gêngis Khan, pintura em seda, escola chinesa, c.1155
Nas profundezas da Ásia da segunda metade do século XII, a Mongólia oriental era um país bonito, mas rude. O clima da região era especialmente favorável à formação de guerreiros saudáveis e resistentes. Esses homens eram extraordinários cavaleiros, e seus animais, inigualáveis. Além disso, o armamento dos guerreiros incluía arcos excepcionais.

O chamado “perigo amarelo” já era conhecido na Europa, como memória assombrosa do século V, quando os hunos, liderados por Átila, promoveram ataques e conquistas em vários países. Provavelmente, eles provinham de tribos nômades da Ásia central.

No século XII, porém, parecia remota a possibilidade de ataques de nômades do Oriente. Fazia muito tempo que eles estavam quietos. Os turcos uigures, que formaram o último império das estepes, haviam sido destruídos em 840 por outros turcos, os quirguizes do Ienissei. Os vitoriosos nada construíram e não tardaram a recuar para o vale de seu rio, em 924.

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Copa surgiu para curar as feridas da Primeira Guerra Mundial

Eleito presidente da FIFA em 1921, Jules Rimet tinha o projeto de usar o futebol para aproximar os povos após o conflito. Em 1930, o sonho se tornou realidade: há 80 anos nascia o evento esportivo mais popular do planeta
por Eric Pincas
Popperfoto / Getty Images
Uruguaios comemoram a conquista do primeiro campoenato mundial em 1930, uma "tempestade de entusiasmo" que emocionou Rimet
Na baía de Villefranche-sur-Mer, em 21 de junho de 1930, um navio deslizava lentamente rumo ao horizonte. Saindo da França, seu destino era o Uruguai. A bordo, passageiros quase anônimos. Rapazes fortes e musculosos que enfrentavam a travessia para disputar a partida de abertura da primeira Copa do Mundo de futebol. Um batismo duplo, de certa forma. A maior parte deles jamais tinha se aventurado pelo mar, e a viagem até Montevidéu iria durar 15 dias. Por sorte, as condições meteorológicas se anunciavam favoráveis.

A bordo do Conte Verde, um homem de terno e gravata, cabelos brancos e bigode finamente talhado ostentava um sorriso discreto. Em sua bagagem, uma estatueta de 30 cm de altura e 4 kg, representando uma Vitória segurando sobre a cabeça um vaso octogonal: a Copa do Mundo, um troféu de ouro maciço produzido pelo escultor francês Abel Lafleur. O homem que cuidava desse precioso tesouro chamava-se Jules Rimet. Presidente da Federação Internacional de Futebol desde 1921, ele batalhava, havia quase dez anos, para organizar uma competição aberta às equipes do mundo inteiro. Seu leitmotiv: aproximar os jogadores dos dois hemisférios, em um espírito de fraternidade, e fazer do futebol o rei dos esportes atléticos.

As esperanças que ele depositava nessa primeira Copa do Mundo eram imensas. A poucas semanas do momento do primeiro confronto, ele rememorava o quanto tinha sido longa a estrada até o embarque para a América do Sul.

Nascido em 24 de outubro de 1873 em Theuley-les-Lavoncourt, um vilarejo de Haute-Saône, na região francesa de Franco-Condado, o pequeno Jules passou a infância entre a escola, a loja de produtos alimentícios do pai e o moinho do avô. A agricultura regional sofria então o impacto da guerra franco-prussiana de 1870. As condições de vida eram difíceis. Em 1885, com 12 anos, ele se juntou aos pais, que haviam partido em busca de uma vida melhor em Paris. Aluno estudioso, terminou o ensino médio e começou a estudar direito. Uma carreira jurídica se abria para ele. Mas seria essa sua verdadeira vocação?

Abolição da escravidão: a igualdade que não veio

Há mais de um século, o dia 13 de maio marca a data da assinatura da lei que emancipou os escravos. A concessão da liberdade, porém, foi acompanhada de medidas que negaram a cidadania plena aos negros
por Flávio Gomes e Carlos Eduardo Moreira de Araújo
Acervo Fundação Brasileira Nacional, RJ
Negros na colheita de café no fim do século XIX.
No início de 1929, o periódico carioca O Jornal apresentava em suas páginas uma “preciosidade suburbana” de 114 anos: “Um preto velho, curvado sobre um cacete nodoso, typo impressionante, que raramente se vê em nossa capital”. O homem havia procurado aquela redação no intuito de pedir ajuda para comprar uma passagem para a Barra do Piraí, onde iria visitar seu neto, mas, diante do olhar de espanto dos jornalistas, decidiu sentar para conversar e contar suas histórias do tempo em que era escravo: “Eu nasci em São João del Rey, quando ainda estava no Brasil o sr. dom João, pai do primeiro imperador. Era molecote e pertencia ao sr. capitão Manoel Lopes de Siqueira”. Teria sido vendido para o coronel Ignácio Pereira Nunes, dono da fazenda da Cachoeira, em Paraíba do Sul. Ali labutava quando estourou a Revolução Liberal de 1842 (ver glossário). Trabalhava tanto na lavoura como nas tropas que cruzavam o vale do Paraíba despejando café no porto do Rio de Janeiro.

O ex-escravo chamava-se Hipólito Xavier Ribeiro e era morador do morro da Cachoeirinha, na serra dos Pretos Forros (localizada entre os atuais bairros de Lins de Vasconcelos e Cabuçu, na zona norte do Rio de Janeiro). Ao longo de sua vida testemunhou importantes acontecimentos da história do Brasil, entre os quais a Guerra do Paraguai, da qual participou: “Quando o imperador mandou chamar os moços brancos para servir na tropa de linha, nunca vi tanto rancho em biboca da serra, tanto rapaz fino barbudo que nem bicho escondido no mato... O recrutamento esquentou a cada fazendeiro. Para segurar o filho, agarrando a saia da mamãe, entregava os escravos. Entregava chorando porque um negro naquele tempo dava dinheiro. Eu fui num corpo de voluntários quase no fim da guerra, mas ainda entrei em combate em Mato Grosso”.

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Ciganos: indesejáveis por cinco séculos

Eles são 15 milhões no mundo. E, não é de hoje, por todos os lados incomodam e suscitam medo. Principalmente na Europa, por onde se espalharam a partir do século XV
por Baudoin Eschapasse
(C) AKG Images / Latinstock
Grupo de ciganos com sua casa ambulante nos arredores de Paris, na década de 1960
Outubro 1421. De manhãzinha, carroças pesadamente carregadas atravessam os arredores da cidade de Arras, no norte da França. Puxadas por cavalos húngaros esgotados, não passam despercebidas. De fato, possuem pinturas de riqueza extraordinária. Nas rodas e nas laterais de madeira, grandes afrescos alternam motivos florais e silhuetas de animais coloridos. As pessoas que se dirigem para o mercado param, embevecidas. De onde podem vir esses carros espantosos cujos cocheiros dissimulam os rostos sob grandes chapéus que os protegem da chuva? Os curiosos amontoam-se. Quando a caravana pára, descem umas trinta pessoas, que chamam a atenção: calças bufantes e coletes bordados para os homens, grandes vestidos listrados e turbantes para as mulheres. Porém, mais que as roupas, é a língua o que mais surpreende: não se parece com nada conhecido!

Um homem, que se apresenta como chefe, adianta-se no meio da multidão. Pergunta, arranhando um francês misturado de alemão e latim, onde fica a prefeitura. Mostram-lhe o edifício. Ao magistrado, o homem, que usa um brinco dourado e se diz conde do Pequeno Egito, exibe uma carta do imperador Sigismundo recomendando que seu grupo seja tratado e recebido “como cristãos nobres”. Explica que ele e seus homens estão realizando uma peregrinação, sem dar mais detalhes sobre o objeto nem o itinerário da viagem.

Nos arquivos da cidade onde está registrada a visita, o redator descreve-o como “muito diferente dos vagabundos que a cidade vê passar durante as feiras. Ele é de pele escura e usa cabelos compridos e barba farta”. Ao passo que a moda na França, nessa época, está para fios curtos...

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Pesquisando o movimento negro no Brasil

Influenciada pela luta anti-racismo na África e nos Estados Unidos, a militância brasileira cresceu nos anos 1970 e hoje colhe grandes conquistas
Verena Alberti e Amilcar Araujo Pereira

O Serviço Nacional de Informações (SNI), criado em 13 de junho de 1964 com a finalidade de coordenar as atividades de informação e contra-informação em todo o país, produziu inúmeros relatórios sobre assuntos julgados pertinentes à Segurança Nacional durante o regime militar. Num deles, de 14 de julho de 1978, podemos encontrar um relato sobre a manifestação, nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo, daquilo que se tornaria mais adiante o Movimento Negro Unificado (MNU), uma das entidades do movimento negro surgidas no Brasil na década de 1970.

Realizou-se em São Paulo, no dia 7 julho de 1978, na área fronteiriça ao Teatro Municipal, junto ao Viaduto do Chá, uma concentração organizada pelo autodenominado “Movimento Unificado Contra a Discriminação Racial”, integrado por vários grupos, cujos objetivos principais anunciados são: denunciar, permanentemente, todo tipo de racismo e organizar a comunidade negra. Embora não seja, ainda, um “movimento de massa”, os dados disponíveis caracterizam a existência de uma campanha para estimular antagonismos raciais no País e que, paralelamente, revela tendências ideológicas de esquerda. Convém assinalar que a presença no Brasil de Abdias do Nascimento, professor em Nova Iorque, conhecido racista negro, ligado aos movimentos de libertação na África, contribuiu, por certo, para a instalação do já citado “Movimento Unificado”.

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revista de história da biblioteca nacional

De boca em boca


Tiradentes era um orador incansável: dos prostíbulos às pousadas de beira de estrada, fez da palavra sua grande arma
Tarcísio de Souza Gaspar

Que ele arrancava dentes, é fácil de se imaginar. Mas a habilidade de Joaquim José da Silva Xavier que realmente causava arrepios nas autoridades portuguesas era outra: ele falava pelos cotovelos. E falava bem.

Antes de se tornar o “mártir da Independência”, Tiradentes foi um exímio comunicador: persuasivo, incansável e – talvez seu traço mais relevante – sem preconceito de público. Onde houvesse concentração de gente e pontos de encontro propícios à conversa, lá estava ele.

Em 1789, João Rodrigues, dono de uma estalagem em Varginha, no caminho que ligava os centros mineradores ao Rio de Janeiro, foi chamado a prestar depoimento no inquérito sobre a Inconfidência Mineira. Motivo: tempos antes ele hospedara o alferes Silva Xavier. A hospedagem em si não lhe teria causado maiores problemas, se o famigerado falastrão não tivesse começado a expor, de modo exaltado, seu descontentamento político.

O estalajadeiro contou aos juízes uma conversa que tivera com outro hóspede após a passagem de Tiradentes: “Vossa Mercê não sabe que há por cá valentões que se querem levantar com a terra? [...] Era um semiclérigo”. O termo usado pelo depoente não era apenas irônico, mas altamente simbólico. Ao desvendar o lado “semiclérigo” de Tiradentes, ele não só confirma que seu hóspede falava demais (como um padre em pregação), como deixa claro que o hábito de falar em tom de convencimento estava ligado à atuação dos representantes da Igreja.


revista de historia da biblioteca nacional

Os inventores do ‘New Deal’


Políticas de Vargas tinham muito em comum com as de Roosevelt, que tirou os Estados Unidos da Grande Depressão
Flávio Limoncic

“Duas pessoas inventaram o New Deal: o presidente do Brasil e o presidente dos Estados Unidos”. O autor da frase foi o próprio criador do histórico plano de recuperação da economia norte-americana, Franklin Delano Roosevelt (1882-1945). O elogio foi feito em visita ao Rio de Janeiro, em novembro de 1936, e referia-se ao governo de Getulio Vargas.

Pode ter sido apenas uma gentileza do visitante. Ou alguém imagina que possa haver algo em comum entre o presidente que tirou os Estados Unidos da Grande Depressão e o líder que viria a ser, um ano depois, o ditador do Estado Novo, muitas vezes comparado a Mussolini?

A associação é mesmo rara, mas Roosevelt não falou aquilo à toa. Diante da crise do liberalismo iniciada com o crash da Bolsa de Nova York, em 1929, e que se prolongaria por boa parte da década de 1930, ambos colocaram o Estado no centro da vida econômica de seus países: Roosevelt, para enfrentar os problemas de uma gigantesca economia industrial em depressão, e Vargas, para industrializar o Brasil. Ao fazê-lo, construíram pactos sociais com setores do movimento sindical e do empresariado.

As obras públicas, projetos de desenvolvimento e de geração de emprego e renda foram acionados pelos dois. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, cuja construção começou em 1941, se tornaria um marco do desenvolvimento industrial brasileiro, ao passo que a Tennessee Valley Authority, de Roosevelt, seria o mais ambicioso programa de desenvolvimento regional até então implementado. Para gerar empregos e renda, o New Deal lançou mão também de programas criativos como o Civilian Conservation Corps (CCC), que mobilizou 2,5 milhões de jovens na restauração de sítios históricos, manutenção dos Parques Nacionais, limpeza de reservatórios de água, conservação de solo e plantio de dois bilhões de árvores.

Por outro lado, Vargas e Roosevelt colocaram o Estado no coração das disputas entre capital e trabalho. No Brasil, os sindicatos foram enquadrados em uma estrutura corporativa, enquanto nos Estados Unidos a Lei Wagner (1935) lhes garantia mais liberdade. Ainda assim, as organizações de trabalhadores submetiam-se a uma série de procedimentos, obrigações e normas ditados pela Agência Nacional de Relações de Trabalho. Tal qual a Justiça do Trabalho de Vargas, a Agência tinha não só o poder de criar normas, mas também de julgar litígios.


revista de historia da biblioteca nacional

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Bin Sabbah, o homem que inspirou Bin Laden

O precursor de Osama bin Laden viveu no século XI e criou os comandos suicidas da seita Assassinos, uma ramificação do ismaelismo que atuou no Irã, na Síria e no Iraque.
por Marie Helène Parinaud
Cabul, a capital do Afeganistão, onde se refugia Osama Bin Laden, o mais famoso seguidor de Bin Sabbah
Os seguidores de Bin Sabbah - que se intitulava a sétima encarnação do Imã Ismael - eram homens dispostos a obedecê-lo cegamente, aceitando até mesmo o sacrifício da própria vida.

Eu farei todo o Oriente tremer!"... No dia 4 de setembro de 1090, quando Hassan bin Sabbah Homairi proferiu sua ameaça, acabava de conquistar sua mais importante vitória. A fortaleza de Alamut, que ele cobiçava havia anos, estava em suas mãos, enfim. Essa posição estratégica, chamada de "fortaleza dos abutres", estava no coração das montanhas Elbourz, a 1.800 metros de altitude, no noroeste do Irã.

Dominando três vales férteis, o local era o centro de uma rede de comunicações que conduzia, principalmente, a Teerã. Hassan bin Sabbah usou a mesma operação já testada com sucesso em outras incursões: seus seguidores se misturaram com a população, penetraram na fortaleza e abriram passagem para o seu chefe. Dessa cidadela inexpugnável, que ele não abandonaria durante os 35 anos seguintes e que seus sucessores também usaram como apoio por mais de um século, Bin Sabbah impôs à região sua religião e a lei do terror.


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Revista História Viva

As três vidas de Maomé

O grande profeta do Islã foi um hábil comerciante, um inigualável estrategista e um audacioso político.
por Malek Chebel
Numa miniatura turca do Sya-Al-Nabi (Vida do Profeta), Maomé vive sua ascensão mística, uma viagem noturna aos limites da criação divina. Como guia: o arcanjo Gabriel. Século XVI.
Místico, visionário e guerreiro, Maomé unificou a península arábica em nome do Islã, que, segundo ele, deveria ser difundido aos confins do mundo.

Maomé nasceu órfão no dia 29 de agosto de 570: seu pai morrera pouco antes de seu nascimento. Apesar disso, Maomé desfrutou uma infância alegre no ambiente dos beduínos, sob os cuidados de uma ama-de-leite chamada Halima (literalmente "a doce"), beduína do planalto de Hedjaz. Uma tradição hagiográfica conta que, ainda jovem, enquanto ele guardava os carneiros da família, ocorrera um milagre. Duas aparições luminosas, vestidas inteiramente de branco, aproximaram-se de Maomé e retiraram de seu peito um coágulo de sangue negro que foi atirado para longe.

Narrada pelo Corão, essa história tornou-se uma parábola da purificação divina a que foi submetido o profeta Maomé. Em 576, aos seis anos, acompanhou a mãe, Amina, do árabe "a [mulher] fiel", para Yathrib, atual Medina, onde ela sucumbiu a uma doença. Órfão de pai e mãe aos sete anos, foi acolhido calorosamente por Abd al-Muttalib, seu avô paterno, homem rico e influente, que o amava como a um filho. Chefe do poderoso clã árabe dos coraixitas, ele administrava o templo sagrado de Caaba, em Meca, construído no tempo de Abraão. Assim, Abd al-Muttalib era uma das personalidades mais poderosas da cidade. Idoso, ele morreu pouco depois de acolher o neto, aos 95 anos. O jovem ficava novamente sem proteção. Seu tio paterno, Abu Talib, ofereceu-lhe então a sua casa.

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Revista História Viva

A Tragédia de Desterro

Numa das passagens mais sangrentas e aviltantes da história, a capital de Santa Catarina teve seu nome alterado de Desterro para Florianópolis. Encerrava-se a guerra civil em que a ilha sediou uma república independente, fundada por federalistas e rebeldes da Armada
Desterro no início do século XX, com a Baía Sul à esquerda e Baía Norte, à direita, em tela de Eduardo Dias
Em 16 de abril de 1894 chegava ao fim o revolucionário Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil, que havia se insurgido numa guerra civil contra o governo central do marechal Floriano Peixoto.

Por seis meses, a cidade de Desterro, capital de Santa Catarina, foi sede dessa república independente, formada pela união dos revolucionários federalistas dos três estados do sul do país com os também rebelados militares da Marinha Brasileira. Após a derrota, Desterro seria rebatizada como Florianópolis - em homenagem a Floriano - e dezenas de revoltosos seriam perseguidos, presos e sumariamente executados, em um dos capítulos mais sangrentos da história brasileira.

O episódio decisivo para o fim da revolta foi o combate naval travado na madrugada daquele 16 de abril, entre uma frota de 11 embarcações legalistas e o temido encouraçado Aquidaban. Líder da Revolta da Armada, como era então denominada a Marinha do Brasil, aquela embarcação representava o último elo de resistência contra o governo de Floriano. Passava das 11 horas da noite quando a frota legalista bombardeou a Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, ao norte da cidade de Desterro.


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Revista História Viva

O vegetarianismo na obra de Voltaire (1762-1778)


Tudo que eles precisam que o discurso, se tivessem, ousamos matá-los e comê-los? ousamos cometer esses fratricida? Que é um bárbaro que poderia assar um cordeiro, este cordeiro se conjurado por um discurso comovente de não ser tanto assassino e anthropophage1? É demasiado certos de que o repugnante carnificina sem spread ... ir para a revista

Renan Larue

Universidade de Picardie-Jules Verne


Original em Francês - revue dix huitieme siecle

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O deserto dos mestiços: o sertão e seus habitantes nos relatos de viagem do início do século XIX


The mestizo desert: the backlands and their inhabitants in travel records from the early 19TH century

Luiz Francisco Albuquerque de Miranda

Professor Doutor - DECIS - Universidade Federal de São João del-Rei - UFSJ - 36.301-160 - São João del-Rei - MG - Brasil. E-mail: lfamirranda@uol.com.br

RESUMO

O artigo analisa as representações do sertão presentes nas obras dos viajantes e naturalistas August de Saint-Hilaire e Johann von Spix & Carl von Martius, que percorreram a América portuguesa no início do século XIX. A investigação restringe-se aos relatos de viagens pelo interior das províncias de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Os naturalistas, orientados pelos referenciais da cultura européia, esforçaram-se para conhecer e compreender regiões que ainda não eram consideradas civilizadas, mas estavam na fronteira da colonização. O sertão, definido como ambiente bárbaro e desértico, representa um desafio para os cientistas, que projetavam o progresso da sociedade brasileira.

Palavras-chave: Sertão; Civilização; Saint-Hilaire; Spix & Martius.

ABSTRACT

The objective of this paper is to analyze the representations of the backlands in the works by travelers and naturalists August de Saint-Hilaire and Johann von Spix & Carl von Martius, who traveled Portuguese America in the early 19th century. This study exclusively investigates the travel records from trips taken to the interior of the provinces of Sao Paulo, Minas Gerais and Goias. The naturalists, led by European cultural references, strove to recognize and understand the areas which were still not considered civilized and yet were at the frontiers of colonization. The backlands, defined as a barbarian and desertic environment, poses a challenge for the scientists, who projected the progress of Brazilian society.

Keywords: Backland; Civilization; Saint-Hilaire; Spix & Martius.

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Revista de História - UNESP

História e civismo na Roma liviana


History and good citizenship in Livian Rome

Marinalva Vilar de LimaI; Michelly Pereira de Sousa CordãoII

IProfessora Doutora da Unidade Acadêmica de História e Geografia - Centro de Humanidades - Universidade Federal de Campina Grande - UFCG - 58109-900 - Campina Grande - PB - Brasil. E-mail: iramlima@ig.com.br
IIMestranda em História - Professora Substituta - Unidade Acadêmica de História e Geografia - Centro de Humanidades - Universidade Federal de Campina Grande - UFCG - 58109-900 - Campina Grande - PB - Brasil. E-mail: michellycordao@gmail.com

RESUMO

O artigo focaliza a maneira como Tito Lívio (sécs. I a.C. - I d.C.) articula política, civismo e cotidiano em sua Ab urbe condita libri, através da análise das representações sociais que constrói. Discute a noção de história enquanto mimesis de um passado presentificado por Lívio nos primórdios do Império. Apresenta um Lívio construtor de uma memória da sociedade romana que retroage às épocas da realeza e da república romanas. Da ênfase conferida por Lívio a algumas dessas práticas (cerimônias e crenças religiosas, ritos funerários, relações familiares, valores sociais, disputas de poder, etc.), resultou nossa compreensão de que a política constitui o fio articulador de sua escritura. Conceito que em Lívio engloba as práticas cívicas/públicas realizadas pelos cives no espaço da urbs a partir do respeito aos valores da civitas.

Palavras-chave: Historiografia latina; Tito Lívio; História; Exemplum.

ABSTRACT

This article focuses on the way in which Titus Livius (1BC - 1AD) presented politics, good citizenship and everyday life in his Ab urbe condita libri, through an analysis of the social representations that he constructed. It argues the conception of history as a mimesis of a past offered by Livid in the beginnings of the Empire. It presents Livid as a constructor of a memory of the Roman society that modified the times of royalty and of the Roman republic. The emphasis given by Livius to some of these practices (ceremonies and religious beliefs, funeral rites, family relations, social values, power disputes etc.) resulted in our understanding that politics constituted the line of thinking in his writing. It can be assessed that Livius includes civic or public practices exercised by cives in the space of the urbs respecting the values of the civitas.

Keywords: Latin historiography; Titus Livius; History; Exemplum.

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Revista de História - UNESP

Um visitante inglês na Bahia de 1800


A British traveller in Bahia

Jean Marcel Carvalho França1

RESUMO


Apresentamos aqui, precedido de uma introdução explicativa, o fragmento de uma narrativa de viagem relativa ao Brasil, escrita pelo comerciante inglês John Turnbull em 1805, intitulada A Voyage round the world in the years 1800, 1801, 1802, 1803 and 1804. Turnbull aportou na Baía de Todos os Santos em agosto de 1800, permanecendo quatro ou cinco dias na cidade. Apesar da brevidade da visita, suas impressões sobre o Brasil trazem, entre outras coisas, curiosas notas sobre a situação de Portugal e de sua rica colônia dos trópicos no então conturbado cenário político europeu.

Palavras-chave: Salvador; navegações; viajantes britânicos.

ABSTRACT

In 1805 the British traveller John Turnbull published A Voyage round the world in the years 1800, 1801, 1802, 1803, and 1804. In his diary Turnbull describes the environment he found in several places he visited during his journey, including Baía de Todos os Santos, where he stayed for five days in August, 1800. What follows is a fragment of Turnbull’s journal — with an explanatory introduction — in which he presents his impressions about Brazil and it’s relationship with Portugal during those years.

Keywords: Salvador; navigation; British travellers.

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Revista de História - UNESP

História sem causa? A nova história cultural, a grande narrativa e o dilema pós-colonial

History without cause? The new cultural History, the grand narrative and the postcolonial dilemma

Barbara Weinstein1

RESUMO

Este artigo examina o declínio das grandes narrativas historiográficas norte-americanas, associado ao auge da nova história cultural. A influência da antropologia cultural, com destaque para Clifford Geertz, resultou no privilegiamento da micro-história e no eclipse dos processos de causação e explicação. Ao mesmo tempo, muitos historiadores pós-modernos continuam referendando, ainda que não explicitamente, narrativas eurocêntricas da transição à modernidade. Portanto, as críticas do eurocentrismo — o impulso para "provincializar a Europa" — vêm de duas tendências: a nova história mundial, cujos seguidores estão repensando as grandes narrativas, ainda que utilizem métodos históricos bastante tradicionais; e a teoria pós-colonial, com destaque para Dipesh Chakrabarty. Este autor, um crítico incisivo da historiografia eurocêntrica, não consegue oferecer alternativas justamente por rejeitar toda narrativa "historicista". Em contraste, o historiador da África, Steven Feierman, defende a necessidade de reconstruir grandes narrativas, que propiciem pontos de referência e permitam superar o dilema pós-colonial.

Palavras-chave: micro-história; narrativas; período pós-colonial.

ABSTRACT

This article examines the decline of grand narratives in the North American historiography with the rise of the new cultural history. The influence of cultural anthropology — especially the work of Clifford Geertz — has resulted in a preference for microhistory and the eclipse of causation and explanation. At the same time, many postmodern historians continue to refer (though not explicitly) to a Eurocentric narrative of the transition to modernity. In response, criticism of Eurocentrism—the impulse to "provincialize Europe"—has come from two tendencies. One is the new world history, whose proponents are rethinking the grand narratives but with rather traditional methods. The other is postcolonial theory, exemplified by Dipesh Chakrabarty. This last author, although an incisive critic of Eurocentric historiography, does not manage to offer alternatives because he rejects all "historicist" narratives. In contrast, Steven Feierman, a historian of Africa, insists on the necessity of constructing new grand narratives that will provide new points of reference and a way of exiting from the postcolonial dilemma.

Keywords: microhistory; narratives; postcolonial period.

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Revista de História - UNESP

Aton, o primeiro deus único do Egito

Há mais de três mil anos, todas as divindades egípcias foram substituídas por um deus único, Aton, o disco solar irradiante, símbolo da vida, do amor, da verdade, arruinando o clero todo-poderoso de Tebas.
por Claudine Le Tourneur d\\'Ison
As representações mostram Nefertiti e Akhenaton de forma excêntrica, em sintonia com o espírito inovador do casal
Na história do Egito antigo, não há casal mais sedutor do que o rei Akenaton e sua esposa Nefertiti, no século XIV AC. Por mais excêntricas que fossem suas representações, a sedução não se limita aos seus aspectos físicos.

Ambos tornaram-se personagens simbólicos da civilização egípcia por terem sido a origem do único cisma profundo conhecido pelo Egito no decorrer de seus três mil anos de história. Destituindo o todo poderoso clero de Amon para impor um deus único, representado pelo disco solar Aton, Akenaton abria pela primeira vez na história da humanidade um caminho rumo ao monoteísmo.

O reinado deste faraó, por muito tempo erroneamente qualificado como "herético", situa-se no fim da efervescente XVIII dinastia, por volta de 1358 AC. A civilização se encontra em plena apoteose. O Egito jamais teve tamanha opulência e refinamento. Após as grandes conquistas de Tutmósis III, o momento é de paz. Amenófis III, pai de Akenaton, soube estender pelo Oriente o poder e o brilho de Tebas, centro de um grande império internacional.

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História Viva

O Fantasma de Jack, o Estripador


O Fantasma de Jack, o Estripador
O Assassino de Whitechapel ainda assombra a pérfida Albion

Jack, o estripador
Os assassinatos perpetrados durante o último mês de 1888, e atribuídos ao maior "serial killer" de Londres, constituem o maior enigma da história criminal. Todas as vítimas foram degoladas, mas o qualificativo de estripador (ripper - rip = rasgar) provém do fato de todas as vítimas terem tido o ventre dilacerado e os órgãos extirpados. É impossível descrever com mais detalhes a natureza dos ferimentos, dado o seu horror.

Buck\\'s Row, 31 de agosto de 1888, 3h40. A viela está iluminada apenas por um candeeiro. George Cross, comerciante, vai para o trabalho. Na calçada, vê algo parecido com um grande fardo. Na verdade, trata-se do corpo de uma mulher. A infeliz teve a garganta cortada de uma orelha à outra. A lâmina penetrou até a coluna vertebral. A vítima tem entre 40 e 45 anos. Segundo o médico que efetua a autópsia, a arma utilizada deve ter sido um punhal, daqueles usados para cortar cortiça ou couro, com uma lâmina de 15 a 20 centímetros. Não há marcas sobre as roupas e os objetos pessoais limitam-se a um pente, um espelho quebrado e um lenço. A polícia identifica o corpo como sendo de Mary Ann Nichols, conhecida por Polly, 42 anos, 1,55 m, cabelos castanhos e um sinal particular, a falta de cinco dentes frontais.

Nascida em 1851, aos 12 anos de idade, Polly Walker casa-se com Nichols, funcionário de uma gráfica. Seis anos de casamento e cinco filhos. Ela é alcoólatra e o casal acaba por se separar. Nichols fica com a guarda das crianças e paga pensão à ex-mulher, até que ela começa a se prostituir. O álcool a deixa violenta, mas o fato de levar uma vida dissoluta e ser agressiva não basta para explicar o seu assassinato. Como primeira hipótese, a polícia acredita na ação de uma gangue de exploradores de prostitutas. No hospital, os policiais interrogam uma colega de Polly, Emma Smith, que fora atacada e espancada por quatro homens. Mas, sem forças para fornecer qualquer informação, morre em conseqüência dos ferimentos. Outra mulher é considerada como a segunda vítima da gangue, ou a primeira de Jack, o Estripador. Martha Tabram, nascida Turner, foi assassinada com 39 facadas e seu corpo encontrado em 7 de agosto, num imóvel em Whitechapel, no edifício George Yard Building (atualmente Gunthorpe Street).

A segunda mulher assassinada, ou a terceira, conforme a tese escolhida, chama-se Annie Chapman. O morador de uma pensão, situada no número 29 da Hambury Street, a cinco metros da Buck\\'s Row, encontra o corpo de Annie em 8 de setembro, às 6h00. A cabeça estava praticamente separada do corpo e, aos pés, foram cuidadosamente dispostos seus anéis e dinheiro. No local, a polícia só descobre provas insignificantes. O médico-legista manda levar o corpo, por curiosidade, no mesmo caixão usado para transportar Polly Nichols. Às 14h00 do mesmo dia, prossegue o interrogatório das testemunhas. Uma mulher diz ter visto Annie Chapman às 5h30 com um homem. Ela afirma ter escutado o desconhecido perguntar: "...e então, está de acordo?" e Annie responder-lhe afirmativamente. O homem era moreno, parecia estrangeiro, e aparentava possuir uns 40 anos. Amelia Farmer, amiga de Annie Chapman, conta que, pouco tempo antes de ser morta, ela havia brigado com outra prostituta.

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Revista História Viva

O direito à identidade: a restituição de crianças apropriadas nos porões das ditaduras militares do Cone Sul


The right to identity: the restitution of appropriated children in the Southern Cone military dictatorships

Samantha Viz Quadrat1

RESUMO

O texto aborda a apropriação de crianças durante as últimas ditaduras militares no Cone Sul da América Latina, com destaque para as ações realizadas pela Argentina e Uruguai. Ao mesmo tempo, procura-se apontar a colaboração entre os governos na repressão aos oponentes políticos. Por um outro lado, o texto aponta as estruturas criadas pelos organismos de direitos humanos, com destaque para o trabalho das Abuelas de Plaza de Mayo, para localizar e restituir a identidade desses jovens. Por fim, o texto traça a importância desse ponto, não incluído nas leis de anistias, para a punição dos envolvidos com os crimes de violações dos direitos humanos.

Palavras-chave: Cone Sul; ditaduras; direitos humanos.

ABSTRACT

This article examines the appropriation of children during the last military governments in Southern Cone of Latin America, especially in Argentina and Uruguay. At the same time the article seeks to show the collaboration between different national governments in the persecution of their political opponents. The article also examines the actions token human rights organizations such as Abuelas de Plaza de Mayo to find and give back the identity of this children. At last the article traces the importance of this point not include in the amnesty laws for the punition of those punishment of the human rights violation crimes.

Keywords: Southern Cone; dictatorships; human rights.

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Revista de História - UNESP

Uma insólita visita: Fidel Castro no Chile de Allende


An uncommon visit: Fidel Castro in Allende’s Chile

Alberto Aggio2

RESUMO

Este artigo busca expor sinteticamente o que foi a viagem que Fidel Castro realizou ao Chile em novembro de 1971, e também refletir a respeito tanto das estratégias políticas evidenciadas por Castro em sua estadia no Chile, quanto sobre as conseqüências que derivaram dessas estratégias para o processo conhecido como a "experiência chilena". Conclui afirmando que, se não se pode atribuir à visita de Fidel toda a confrontação que mais tarde iria se estabelecer no Chile, também não se pode isentar integralmente o dirigente cubano de uma certa responsabilidade quanto à situação que se impôs. Esta viagem de Fidel ao Chile de Allende foi uma viagem incomum, distinta de qualquer padrão diplomático, e abrigou silenciosamente uma profunda disputa política no interior da esquerda latino-americana que permaneceu por muito tempo desconhecida.

Palavras-chave: Fidel Castro; Salvador Allende; socialismo.

ABSTRACT


This paper discusses briefly the meaning of Fidel Castro’s visit to Chile in November 1971; it intends as well to present a reflection on both the political strategies shown by Fidel during his stay in Chile and its consequence for the process known as "the Chilean experience". It takes us to assume that if all confrontation that occurred in Chile late on cannot be attributed to this visit, neither can Fidel be considered completely free from responsibility for it. This visit to Allende’s Chile was uncommon, different from all diplomatic patterns; it resulted in a silent and deep political dispute in the Latin-American Left, which remained unknown for much time.

Keywords: Fidel Castro; Salvador Allende; socialism.

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Revista de História - UNESP

Conformando uma Argentina leitora: educação pública, bibliotecas e mercado editorial entre fins do século XIX e meados do século XX


Building a reading Argentina: state schools, libraries and the publishing market in late -19th century and in the first half of 20th century

Gabriela Pellegrino Soares2

RESUMO

Este artigo pretende lançar luz sobre políticas públicas de promoção da leitura que tiveram lugar na Argentina de fins do século XIX e primeira metade do XX, e sobre a forma como essas interagiram com o mercado editorial em desenvolvimento no país. A preocupação em cultivar e orientar desde cedo nos cidadãos a prática da leitura fez das crianças alvo privilegiado de iniciativas educacionais e editoriais, às quais dedicarei particular atenção.

Palavras-chave: Argentina; educação; livros.

ABSTRACT

This article aims at shedding light on public policies of reading practices’ promotion, that took place in Argentina in late 19th century and in the first half of 20th century, and on the way they affected the country’s developing publishing market. The purpose of motivating reading practices since the citizens’ early years turned children into an important goal of educational and publishing initiatives, which shall here receive special focus.

Keywords: Argentina; education, books.

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Revista de História - UNESP

Ruas de Borges e de seus contemporâneos

Jorge Luis Borges
Borges and his contemporaneous streets

Júlio Pimentel Pinto1

RESUMO

O texto discute a persistência da temática urbana nas vanguardas latino-americanas do início do século XX, identificando alguns signos da celebração da cidade na produção poética do período. Enfoca quatro autores, sendo dois brasileiros, Mário e Oswald de Andrade, e dois argentinos, Oliverio Girondo e Jorge Luis Borges, para encontrar consonâncias e dissonâncias na representação urbana.

Palavras-chave: América Latina; vanguardas do início do XX; cidades.

ABSTRACT

This article analyses the repetition of the urban representation in Latin American Vanguards in the XX Century beggining, to identify some signs of the city’s celebration in its poetic production. The article focalize four writers: two Brazilians, Mário and Oswald de Andrade, and two Argentineans, Oliverio Girondo and Jorge Luis Borges, to recognize similarities and dissimilarities in their urban representation.

Keywords: Latin America; XX century’s vanguards; cities.

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Revista de História - UNESP

A querela dos heróis: liderança política e ethos americano em Oliveira Lima e José Enrique Rodó

José Enrique Rodó
The battle of the heroes. Political leadership and American identity in Oliveira Lima and José Enrique Rodó

Fabio Muruci dos Santos1

RESUMO


Este artigo apresenta uma análise comparativa dos primeiros textos de Oliveira Lima e José Enrique Rodó, que discutiam o uso dos EUA como modelo para o estabelecimento de uma ordem civil na América Ibérica. Propomos que ambos tencionavam estabelecer critérios para a seleção de novas elites para combater o poder dos caudilhos, mas suas agudas divergências sobre a fonte de legitimidade dessas elites tornavam opostas as respectivas avaliações da sociedade norte-americana.

Palavras-chave: Oliveira Lima; José Enrique Rodo; identidade americana.

ABSTRACT

This article presents a comparative analysis of the Oliveira Lima and José Enrique Rodó"s first works about the United States and the possibility of using them as a model for a Latin American civil order. We argue that they intended to determine the values with which could be selected new elites to fight against the caudillos but the sharp disagreement between them on the sources of legitimacy of those elites made opposite their respective evaluations on the North American society.

Keywords: Oliveira Lima; José Enrique Rodo; American identity.

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Revista de História - UNESP

Tocqueville, Sarmiento e Alberdi: três visões sobre a democracia nas Américas


Tocqueville, Sarmiento and Alberdi: three visions on Democracy in Americas

José Luis Bendicho Beired2

RESUMO

Analisaremos comparativamente três importantes ideólogos liberais do século XIX, Tocqueville, Sarmiento e Alberdi, que situados em diferentes continentes discutiram o significado da democracia nos marcos da ordem liberal. Explicaremos os argumentos e conceitos desenvolvidos em algumas de suas obras mais importantes, em articulação às posições políticas e ideológicas por eles sustentados nos contextos específicos em que atuaram.

Palavras-chave: Alexis de Tocqueville; Domingo Faustino Sarmiento; Juan Bautista Alberdi.

ABSTRACT

This article analyses comparatively three important ideologists of different continents of XIXth, that studied the concept of Democracy in the liberal context. It explains concepts and propositions of most representative works of those thinkers, articulated to their political and ideological visions in the specific contexts in which they lived.

Keywords: Alexis de Tocqueville; Domingo Faustino Sarmiento; Juan Bautista Alberdi.

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Revista de História - UNESP

A data símbolo de 1898: o impacto da independência de Cuba na Espanha e Hispanoamérica


The 1898’s symbol date: the Cuban Independence impact in Spain and Spanish America

Maria Helena Rolim Capelato2

RESUMO

O artigo tem como objetivo analisar o impacto da Independência de Cuba nos intelectuais espanhóis e hispanoamericanos e as razões da aproximação entre eles após o evento. 1898 tornou-se uma data-símbolo pelas mudanças significativas que produziu nas concepções de escritores hispânicos sobre o papel dos Estados Unidos na América Latina e sobre o destino da Espanha após a perda de sua última colônia.

Palavras-chave: História intelectual; hispanidade; independência de Cuba.

ABSTRACT

The article aims to analyze the Cuban Independence impact in Spanish and Spanish American intellectuals and the approximation reasons between them after the event. 1898 became a symbol date through the significatives changes that produced in Spanish American writers about the United State’s role in Latin America and about the Spain’s destiny after the loss of the last Spanish colony in America.

Keywords: intellectual History; "hispanity"; Cuban independence.

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Revista de História - UNESP

Esperança radical e desencanto conservador na Independência da América Espanhola

Radical hope and conservative despair in the independence of Spanish America

Maria Ligia Coelho Prado1


RESUMO

Neste artigo analiso dois textos produzidos por José Bernardo Monteagudo, figura emblemática do movimento de independência na América do Sul, no qual expõe seus projetos políticos antes e depois de conquistada a emancipação. Se em 1809 era um "democrata fanático", em 1823 havia se transformado em convicto monarquista, justificando a exclusão dos indígenas do mundo da política.

Palavras-chave: independência da América Espanhola; José Bernardo Monteagudo; diálogos políticos.

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