sábado, 27 de novembro de 2010

Ciganos: indesejáveis por cinco séculos

Eles são 15 milhões no mundo. E, não é de hoje, por todos os lados incomodam e suscitam medo. Principalmente na Europa, por onde se espalharam a partir do século XV
por Baudoin Eschapasse
(C) AKG Images / Latinstock
Grupo de ciganos com sua casa ambulante nos arredores de Paris, na década de 1960
Outubro 1421. De manhãzinha, carroças pesadamente carregadas atravessam os arredores da cidade de Arras, no norte da França. Puxadas por cavalos húngaros esgotados, não passam despercebidas. De fato, possuem pinturas de riqueza extraordinária. Nas rodas e nas laterais de madeira, grandes afrescos alternam motivos florais e silhuetas de animais coloridos. As pessoas que se dirigem para o mercado param, embevecidas. De onde podem vir esses carros espantosos cujos cocheiros dissimulam os rostos sob grandes chapéus que os protegem da chuva? Os curiosos amontoam-se. Quando a caravana pára, descem umas trinta pessoas, que chamam a atenção: calças bufantes e coletes bordados para os homens, grandes vestidos listrados e turbantes para as mulheres. Porém, mais que as roupas, é a língua o que mais surpreende: não se parece com nada conhecido!

Um homem, que se apresenta como chefe, adianta-se no meio da multidão. Pergunta, arranhando um francês misturado de alemão e latim, onde fica a prefeitura. Mostram-lhe o edifício. Ao magistrado, o homem, que usa um brinco dourado e se diz conde do Pequeno Egito, exibe uma carta do imperador Sigismundo recomendando que seu grupo seja tratado e recebido “como cristãos nobres”. Explica que ele e seus homens estão realizando uma peregrinação, sem dar mais detalhes sobre o objeto nem o itinerário da viagem.

Nos arquivos da cidade onde está registrada a visita, o redator descreve-o como “muito diferente dos vagabundos que a cidade vê passar durante as feiras. Ele é de pele escura e usa cabelos compridos e barba farta”. Ao passo que a moda na França, nessa época, está para fios curtos...

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